Confira o artigo de Daniela Maciel, para o Diário do Comércio, no dia 01/10/2016.
Apesar de os especialistas não serem unânimes quanto à velocidade e a data para a retomada do crescimento da economia brasileira, já é dado como certo de que estamos às vésperas do início da recuperação do País. A análise cautelosa, porém otimista, da realidade econômica, deu o tom à primeira edição realizada em Belo Horizonte do “Encontro com os maiores investidores de empresas do Brasil”, promovido pelo Global Business Group (GBG).
A boa notícia é que existe dinheiro para investimentos no mercado e quem souber apresentar bons projetos pode sair na frente quando a economia estiver reestabelecida. A má notícia é que nem todas as empresas estão preparadas para retomada. Boa parte não fez revisão dos processos e não se organizou com uma estratégia voltada para o futuro.
“O mercado tem muito dinheiro para investir, porém faltam bons projetos e bons empresários”, avalia a sócia do escritório Andrade Silva Advogados, Priscila Spadinger.
O evento debateu o atual contexto econômico e as perspectivas de negócios para 2017, apontando as oportunidades no mercado de fusões, aquisições e investimentos como estratégia de crescimento das empresas. De acordo com o coordenador do evento e sócio da Andrade Silva Advogados, David Gonçalves de Andrade Silva, o momento ainda é difícil, mas os empresários precisam enxergar uma luz no fim do túnel.
“Quando há uma retomada da economia, existe também uma volta do interesse em investimentos e aquisições. Nosso objetivo é discutir com os empresários mineiros a necessidade de uma reestruturação para receber esse novo ambiente de negócios. Queremos desmitificar a ideia de que a chegada de um novo parceiro ou um fundo de investimentos seja um problema. Ao contrário, pode ser uma solução que permita à empresa crescer em uma escala diferente”, explica Silva.
O economista e executivo de pesquisas e estudos econômicos do Banco Bradesco S/A, Fernando Honorato Barbosa, capitaneou a palestra “A hora da verdade para a economia brasileira”. Para ele, o simples anúncio de controle de dois principais fatores que desencadearam a crise – gastos públicos e salários que cresceram mais que a produtividade das empresas – já permite a retomada da confiança e, por isso, das perspectivas de novos investimentos.
“O simples anúncio da intenção de ajuste já melhorou o grau de percepção e confiança. Isso dá algum impulso para a retomada da economia”, aponta Barbosa.
A avaliação do consultor e professor-associado da Fundação Dom Cabral (FDC), Carlos Caixeta, segue no mesmo sentido. “Os dados dos últimos 120 anos dizem que o período 2014/2016 foi o pior momento do PIB (Produto Interno Bruto) na história. Chegamos no limite. O que estamos discutindo agora é a velocidade e consistência da retomada”, destaca Caixeta.
O especialista da Inseed Investimentos – maior gestora de venture capital focada em early stage e inovação do Brasil -, Edsmar Resende, garantiu que existe capital disponível para investimentos no Brasil, mas faltam empresas verdadeiramente estruturadas capazes de atraí-los. “O que os investidores buscam são empresas diferenciadas, capazes de oferecer não apenas produtos, mas verdadeiras soluções para problemas relevantes para o mercado B2B principalmente. Existem muitas oportunidades inclusive fora dos grandes centros. O que as empresas precisam apresentar é inovação, mercado e equipes”, destaca Resende.
Estar pronto para o novo momento significa não apenas ter um produto ou serviço que interesse ao consumidor, mas principalmente ter reformatado processos ultrapassados e ter feito um ajuste de gestão amplo, que contemple as diferentes faces da organização. Isso vale para empresas de qualquer porte ou setor.
“A cultura brasileira está mudando. Tínhamos muitas dificuldades quanto o ambiente de negócios no País. Precisamos trabalhar com dados claros para dar tranquilidade ao mercado como um todo”, afirma um dos fundadores do GBG, Mauro Freitas.
“Os empresários lúcidos não podem deixar para fazer as mudanças necessárias quando a economia estiver retomando. O momento é agora”, completa o professor-associado da FDC, Carlos Caixeta.
Fonte: Diário do Comércio
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