Carlos Caixeta

Artigo publicado no jornal O Tempo (27/09/24).

Acesse o link: https://www.otempo.com.br/opiniao/2024/9/27/alinhamento-entre-estrategia-e-governanca-corporativa

A estratégia empresarial desempenha um papel central na governança corporativa, servindo como um norte para as decisões do conselho de administração e proporcionando uma estrutura clara para a criação de valor sustentável. Ao alinhar a estratégia com as práticas de governança, o conselho de administração assegura que a empresa opere de maneira eficiente, responsável e competitiva, garantindo a confiança dos seus stakeholders e a longevidade da organização.

A estratégia empresarial define o “o quê”, o “como” e o “porquê” das ações, enquanto a governança define a alocação dos recursos e o equilíbrio da entrega de valor para os distintos stakeholders ao longo do tempo. A estratégia determina o curso das ações da gestão, enquanto a governança garante que essas ações e decisões sejam tomadas de maneira transparente, coerente, ética e responsável, equilibrando os interesses de múltiplos grupos relevantes, considerando o longo prazo. 

Uma estratégia bem elaborada e alinhada à governança corporativa é fundamental para a criação de valor a longo prazo. Já o papel do conselho é garantir que as decisões estratégicas levem em consideração o equilíbrio entre risco e retorno, assegurando que a empresa permaneça competitiva e sustentável. Uma governança transparente, fortalecida e orientada por uma estratégia clara, melhora a comunicação com os stakeholders, como acionistas, colaboradores, poder público e clientes. 

A clareza da estratégia facilita também as decisões, o direcionamento dos investimentos e o alinhamento dos diferentes grupos de interesse, fortalecendo a confiança nas lideranças da empresa. Um conselho com uma estratégia informal, ou confusa, geralmente não tem critérios para decidir, os debates são rasos e os investimentos acabam sendo feitos de forma mais intuitiva e amadora, comprometendo os resultados da empresa. 

Um dos principais desafios ao conselho é garantir que a estratégia seja flexível o suficiente para se adaptar às mudanças rápidas do ambiente de negócios, criando momentos de debate para discutir novas oportunidades e tecnologias que possam impactar a posição competitiva da empresa.

Outro desafio é equilibrar as demandas de curto prazo, como geração de resultados financeiros imediatos, com a visão de longo prazo onde a inovação disruptiva requer muitas vezes assumir riscos e investimentos maiores. O conselho de administração deve agir de forma a não comprometer o futuro da empresa em prol de metas de curto prazo, mantendo sempre o foco na sustentabilidade e no crescimento contínuo.

Em momentos de crise, o papel do conselho é ainda mais crítico. A estratégia pode precisar de ajustes rápidos para mitigar danos e assegurar a continuidade do negócio sem comprometer os valores e sua visão de futuro.

Nesse momento, o conselho deve liderar com lucidez, união, senso de propósito e visão, informado dos riscos e oportunidades para decidir com assertividade e fazendo os ajustes necessários para a sobrevivência e prosperidade da empresa.

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